segunda-feira, 30 de novembro de 2009

O hóquei em campo também serve de exemplo...

Champions Trophy

Hóquei em campo. Aqui, o Henry já não se safava

por Rui Tovar

Mais um desporto com olho de falcão. Só falta o futebol aderir à era tecnológica

No golo da Inglaterra à RFA na final do Mundial-66, a bola entrou ou não? Não, mas o árbitro validou. No remate de Petit à baliza do FC Porto, a bola entrou ou não? Entrou, mas o árbitro disse que não. No golo da França à Rep. Irlanda, houve mão de Henry ou não? Houve mas o árbitro não assinalou a falta. Errar é humano mas desprezar ajuda de equipamento electrónico que transmite a verdade do desporto é burrice. O futebol insiste nessa última tecla. O hóquei em campo já não.

Hoje começa a Champions Trophy, uma espécie de Mundialito com as melhores selecções do planeta (Austrália, Alemanha,Espanha, Holanda, Grã-Bretanha e Coreia do Sul), em Melbourne, na Austrália, e estreia-se o olho de falcão, que tenta ajuda dá no ténis para jogadas duvidosas de “in” e “out”. O famoso dentro e fora que o futebol, pela voz de Michel Platini, presidente da UEFA, despreza sabe-se lá porquê – em Portugal, até Cavaco Silva, presidente da República, já emitiu no dia 31 de Maio de 2009 uma petição pela verdade desportiva com os avanços tecnológicos.

O hóquei em campo adere ao olho de falcão para três jogadas muito concretas: golos, o canto curto e o penálti strocke. Para tal, a federação internacional instalou dez câmaras à volta do campo, duas delas na trave de cada uma das balizas para saber se a bola entrou ou não. Além dos dois árbitros em campo, haverá um terceiro, dentro de uma cabine, entre os dois bancos de suplentes, e à frente de um computador que recebe todas as imagens das dez camâras.

Se os dois árbitros de campo duvidarem de algo, falam com o terceiro juiz através de um auricular e este, com um walkie-talkie, informa-os da decisão, que não dura mais de 25 segundos, tendo em conta os casos de outros desportos, como o ténis e o râguebi. O público estranhará a paragem e a consequente demora da decisão, claro, mas a verdade desportiva estará defendida, o que no futebol (não sei se já tinha escrito isso aqui) isso não acontece, o que é de estranhar porque é o desporto mais popular do mundo. Henry... aqui, no hóquei em campo, não te safavas.

Outros desportos que se apoiam na era tecnológica

NBA

Quer para decidir se o lançamento foi efectuado dentro do tempo, ou se foi triplo ou dois pontos.

Râguebi

Desde 2007, jogadores e árbitros solicitam o “olho de falcão”. Os jogadores só podem parar o jogo por três vezes, uma delas no tie-break.

Ténis

O árbitro pede ajuda do assistente em caso de dúvida nos ensaios.

Basebol

Os árbitros solicitam a repetição apenas nas jogadas onde há dúvida se foi home run ou não.

Fonte: Jornal I - www.ionline.pt

sábado, 28 de novembro de 2009

A incógnita que é um jogo…

Se nas outras modalidades, há partida para um jogo é sempre complicado prever o seu desfecho, daí a célebre tirada de João Pinto “prognósticos só no fim do jogo”, no hóquei as coisas são um pouco diferentes. A incógnita está na mesma presente, mas chega a patamares superiores. Para além que vai assistir ou mesmo actuar num jogo de hóquei, fica sempre na dúvida se o jogo realmente se vai realizar.

Foi o que aconteceu este fim-de-semana. Ainda com alguma antecedência foi cancelado e adiado o encontro mais esperado, o Lousada–Académica de Espinho, restando para este sábado o União de Lamas–Ramaldense. Quiçá por uma questão de solidariedade para com os jogadores e adeptos que não puderam assistir ao encontro da semana, apenas surgiu um árbitro no pavilhão do União de Lamas, inviabilizando a realização do mesmo.

Em suma, de dois jogos que poderiam realizar-se neste sábado, não se fez nenhum. Perdeu o hóquei e perdeu quem se deslocou para jogar ou para ver um jogo. Perdeu tempo e dinheiro.

À imagem do que impõe aos clubes quando algo semelhante acontece, resta saber se o Conselho de Arbitragem vai pagar a deslocação das duas equipas bem como o aluguer do pavilhão.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Quando o dinheiro não é tudo...

Ezequiel Paulón é o Seleccionador Nacional e o que não lhe falta é experiência internacional.
Desceu do «top» mundial para a realidade portuguesa e, à Tribo do Hóquei, apontou o caminho do sucesso.

Tiago Marques

Foi internacional pela Argentina, e ainda actuou em Espanha e na Holanda antes de abandonar a carreira de jogador. A primeira paragem desta nova fase da carreira foi Portugal e aqui conheceu uma realidade diferente mas com algumas coincidências com o que viveu na Argentina, uma das quais, a falta de dinheiro: “A evolução da modalidade e os resultados não dependem unicamente do dinheiro. É uma questão importante e que condiciona mas o importante, no caso de Portugal, é usarmos o pouco que temos e investi-lo bem. Venho da Argentina, um país onde também não há muito dinheiro. No entanto, a selecção feminina é campeã do Mundo e os homens foram sextos no «ranking» da Federação Internacional durante muitos anos. Acima de tudo, é preciso uma mudança cultural”.
Como Seleccionador Nacional, cabe a Ezequiel Paulón ajudar a melhorar o nível do hóquei em Portugal. Ainda assim, para atingir esse objectivo, o trabalho do treinador é também reflexo do que se consegue ao nível dos clubes: “Há clubes que estão a trabalhar bem e há outros que têm que melhorar a forma de trabalhar. O bom é que há muita gente interessada e com vontade de trabalhar mas é necessário treinar melhor. O treino do hóquei é algo já muito estudado lá fora, quer ao nível das selecções, quer ao nível dos clubes. Falta aqui algo mais científico e profissional no treino. Do que tenho visto, é preciso um treino mais relacionado com o hóquei actual”. Por isso, Ezequiel sublinha que, na sua organização, os clubes têm que ajudar a essa evolução: “Eles têm que dar um passo em frente. É vital para eles que os futuros treinadores tenham a capacidade de formar mais e melhores jogadores. Enquanto não se der esse passo, o hóquei português vai ter dificuldades em se erguer”.
A este ponto da conversa, algo parecia bem claro: a ausência de treinadores em Portugal: “De oito equipas de seniores masculinos, a maior parte não tem treinador. É uma situação preocupante e revela que é decisivo que as novas gerações de treinadores comecem a aparecer”. O problema é que “os futuros treinadores são os actuais jogadores” e grande parte destes elementos ainda são essenciais dentro do campo: “Está a terminar uma geração com muita qualidade mas, para já, não podem deixar de competir enquanto jogadores”.
Ainda assim, para o treinador argentino, “há gente que está a aproveitar a vinda de treinadores internacionais”, o que até pode ser positivo uma vez que está a surgir uma nova geração de jogadores de qualidade: “Há uma base de jogadores com menos de 18 anos que se continuarem a trabalhar e se der continuidade ao trabalho que se está a iniciar, no futuro, podem substituir a geração que agora está a terminar. Esta geração actual tem muitos bons jogadores mas já estão na fase final da carreira desportiva e já não dedicam tanto tempo aos treinos, quer por falta de vontade, quer por questões profissionais ou familiares. Agora há que trabalhar a geração mais nova”.
O treinador foi galardoado com o prémio de Treinador do Ano para a Federação Portuguesa de Hóquei, uma distinção que o deixou “muito contente muito orgulhoso” destacando ainda assim que o importante é “que os projectos tenham continuidade independentemente de quem os lidera”.

“É uma satisfação e orgulho pessoal”


Aos 32 anos, é recordista de internacionalizações. Admite que lhe falta um título de Campeão Nacional na vertente de campo mas sente-se orgulhoso pela carreira que tem. Recentemente foi eleito o Jogador do Ano para a Federação Portuguesa de Hóquei, prémio que vai receber este sábado na I Gala do hóquei em campo.

Tiago Marques

É um ícone do hóquei em campo nacional e recebe agora a primeira distinção a preceito.
“É o reconhecimento do serviço que dei à modalidade, uma satisfação e um orgulho pessoal”. É assim que Zé Catarino, atleta mais internacional com um total de 131 internacionalizações, reage à eleição de Jogador do Ano pela Federação Portuguesa de Hóquei.
Foi capitão da Selecção Nacional de hóquei em campo – ainda o é na vertente de sala – e também ostenta a braçadeira na Académica de Espinho, o clube do coração. Nos «mochos» dominou a vertente de hóquei de sala entre 1998 e 2003 mas nunca conseguiu fazer o mesmo no hóquei em campo: “Na minha carreira falta um título de campeão nacional de hóquei em campo, mas um balanço positivo ou negativo, não se faz com base na conquista de um título”. O número 4 da Académica e da Selecção Nacional acrescenta que se considera “satisfeito com as prestações durante toda a carreira quer na Selecção, quer no clube” e até se mostra esperançado num futuro promissor da modalidade: “O hóquei já passou por muitos altos e baixos e agora está numa fase ascendente e espero que não haja mais recuos. É preciso continuar a apostar muito na formação e acredito que tanto a Federação como os clubes já abriram os olhos para essa realidade”.
Neste momento faz parte do grupo de trabalho de Ezequiel Paulón, Seleccionador Nacional, na preparação para o Europeu de Divisão B, na vertente de hóquei de sala, que se realiza em Poznan, na Polónia, de 15 a 17 de Janeiro do próximo ano. Este Europeu deve ser o último de Zé Catarino ao serviço dos Linces e por isso poderá ter um sabor especial: “É público que tenho preferência pelo hóquei de sala e a minha carreira foi muito mais marcada nesta vertente. Neste Europeu vamos com o objectivo de ascender à Divisão A mas vai ser muito duro. É possivelmente o calendário mais difícil dos últimos anos. Ainda assim, se conseguirmos a subida, seria terminar com a cereja no topo do bolo”.
Sobre o futuro, ainda muitas dúvidas. Ainda não pensa em pousar o «stick» mas sabe que no dia em que o fizer vai continuar ligado ao clube em funções que já, pontualmente, assumiu: “Ainda não pensei em passar para treinador ou dirigente mesmo sabendo que será uma função que inevitavelmente irei exercer. Vou continuar no clube do meu coração até porque há um objectivo determinante para o futuro do clube que temos que atingir: o campo sintético. Sempre houve promessas, mas sinto que nunca houve grande interesse em se avançar com esse projecto. Havia uma promessa do presidente da câmara que saiu nestas últimas eleições e com a mudança na liderança na autarquia, todo o processo vai ter que começar. É importante que isso evolua favoravelmente porque o sucesso da Académica de Espinho depende também disso”.

Lista de eleições da I Gala do hóquei em campo:
Jogador do Ano – Zé Catarino (AA Espinho)
Jogadora do Ano – Carla Santos (AD Lousada)
Jovem Jogador do Ano – Luís Tavares (GD Carris)
Jovem Jogadora do Ano – Mariana Silva (Alfândega da Fé)
Melhor Marcador 2008/09 – Bruno Santos (AD Lousada, 48 golos em hóquei de sala) e Catita (União de Lamas, 20 golos em hóquei em campo)
Melhor Marcadora 2008/09 – Cláudia Fidalgo (Lisbon Casuals, 8 golos em hóquei de sala) e Vanda Ferreira (Belenenses)
Árbitro do Ano – José Ribeiro
Juiz do Ano – Dulcineia Fernandes
Dirigente do Ano – Vítor Valinhas (Presidente do AD Lousada)
Treinador do Ano – Ezequiel Paulón (Seleccionador Nacional)
Fair Play – Lisbon Casuals
Clube do Ano – AD Lousada
Jornalista do Ano – Marta Fernandes (OJOGO)
Adepto do Ano – Luís Sequeira
Carreira – Jorge Pinto de Sousa (Médico das Selecções Nacionais)
Dedicação – Manuela Rocha (Funcionária da Federação Portuguesa de Hóquei)
Amigo do Hóquei – BDO, patrocinador da FPH nas últimas três épocas.
Personalidade do Hóquei – Fernando Póvoas

A rentrée...

A Tribo do Hóquei está de volta e, claro, para melhor.
O blog, na sua anterior forma de estar, tinha como objectivo ser um veículo informativo da modalidade. Agora, este é um local de opinião, o que não significa que não terá também a informação dita isenta.
A Tribo do Hóquei está, como sempre esteve, aberta a outras opiniões de todos aqueles que a quiserem utilizar, desde que de uma forma civilizada.

Boas sticadas,
Tiago Marques